Angola: Gestor do regime em descaminhamento de 20 milhões de dólares
A exagerada manifestação de adoração ou lealdade que o Director-Geral do Jornal de Angola, António José Ribeiro simula dedicar ao Presidente da Republica, José Eduardo dos Santos, é vista em meios competentes do regime, como uma estratégia do mesmo destinada a beneficiar de uma clemência em torno do tratamento de 20 milhões de dólares que alegou ter usado, na sua totalidade, para a compra de uma rotativa de impressão na República Federal da
Alemanha
O assunto acentuou-se, quando a rotativa de impressão começou a mostrar sinais de avarias, em pouco tempo de uso e descobriu-se também que a mesma era de segunda mão e que os seus preços foram sobrefacturados suscitando suspeitas de que aquele gestor público teria firmado, em território alemão, um negocio não transparente, cujo esclarecimento final deveria ser tratado em fórum judicial par as devidas responsabilidades criminais.
A história deste negocio data do ano de 2006, quando António José Ribeiro ascendeu ao cargo de Director Geral do Jornal de Angola e constatou que aquela empresa pública funcionava apenas com uma rotativa comprada, na Índia, pelo seu então antecessor, Luís Fernando. A rotativa que ele encontrou tinha apenas capacidade de fazer quatro páginas a cores e 15 mil exemplares por dia.
A data dos factos, José Ribeiro conseguiu convencer o governo angolano a comprar uma outra rotativa, com o argumento de que o Jornal de Angola passaria dos actuais 15 mil exemplares/dia, para 60 mil.
Para o efeito, António José Ribeiro, solicitou os préstimos do português, Artur Orlando Teixeira Queiroz, seu assessor especial e este por sua vez contactou um grupo de amigos em Portugal com realce a um cidadão identificado por “Silvestre” que serviriam de intermediários na identificação de um fornecedor na Alemanha. Após os contactos José Ribeiro, e Artur Queiroz seguiram para Alemanha para conclusão do processo de aquisição da maquina levando consigo um técnico angolano, Molares D’abril.
Até 2010, a nova rotativa das “Edições Novembro” já estava instalada, no município do Cazenga, em Luanda, e na primeira semana de Dezembro deste mesmo ano, foi inaugurada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
O equipamento era inicialmente operado por 50 técnicos nacionais e possui quatro corpos de impressão a preto e dois a cores, podendo imprimir 40 páginas de uma só vez. Está ligada às redacções dos jornais de Angola e dos Desportos, através de ligações “ponto a ponto”.
A descoberta sobre a falta de transparência no negócio
Logo após a sua inauguração, as autoridades angolanas constataram que a rotativa comprada por José Ribeiro era de segunda mão - já em estado obsoleto - e que foi facturada como se fosse nova. Isto é, Ribeiro e Queiroz compraram uma maquina literalmente velha, cuja marca deixou de ser fabricada há mais de 20 anos. Apenas mandaram pintar para dar aspecto de nova.
A rotativa custou inicialmente aos cofres do Estado angolano, cerca de 12 milhões de dólares, sobrefacturados. Na montagem, devido às traficâncias e mudanças dos intermediários vendedores, gastou-se cerca de oito milhões de dólares, tornando o custo total em 20 milhões. A rotativa anterior comprada ao tempo de Luís Fernando custou entre 6 a 8 milhões de dólares.
As primeiras suspeitas de que o Director do Jornal de Angola e o seu assessor especial teriam feito um negocio pouco transparente foi quando se ficou a saber que no dia em que eles foram comprar a rotativa, o então director técnico, Molares de Abril que viajou com eles, foi deixado no hotel. Ribeiro e Queiroz foram efectuar o negócio sem a presença de Molares que é hoje o responsável do gabinete de projectos, do Jornal de Angola, uma área que o mantem longe das questões técnicas.
As avarias da máquina e os custos causados ao Estado angolano
Em Agosto do ano passado, a máquina (rotativa de impressão) teve uma grave avaria, só explicada pelo facto de já ser velha. A avaria foi grave e durou quatro meses até ser reparada, por técnicos alemães e espanhóis contratados para o efeito.
Nesse período de paralisação da rotativa, sugeriu-se que o Jornal de Angola e os outros títulos pudessem ser impressos na outra máquina, a que foi comprada ao tempo de Luís Fernando, mas sem sucesso. Constatou-se que a máquina antiga não fazia manutenção e quando foi necessária, não respondeu de imediato.
Como alternativa, o director José Ribeiro decidiu imprimir o Jornal de Angola na gráfica Dammer, da Média Nova, para manter o diário todo a cores, com o custo de vinte mil dólares/dia. Pelos quatro meses de impressão, o único diário estatal contraiu uma dívida de mais de dois milhões de dólares para com a Média Nova, uma vez que a máquina que a dupla Ribeiro/Queiroz adquiriu na Alemanha só voltou a funcionar em finais de Dezembro.
De acordo com verificações, José Ribeiro e Artur Queiroz tem estado ultimamente em frequentes visitas à Alemanha. Há indicadores de que estejam a considerar a possível compra de uma outra máquina rotativa de impressão, para substituir a que estragou em menos de cinco anos.
Segundo pesquisas uma máquina semelhante, a comprada na Alemanha tem um tempo de vida acima dos vinte anos, a produzir milhões de cópias, o que não é o caso do Jornal de Angola, mesmo contanto com o Jornal dos Desportos, Economia & Finanças, e Jornal Cultura.
Carlos Alberto defende responsabilização criminal
Solicitado a comentar o assunto o conhecido analista Carlos Alberto diz que com estas revelações agora entende, a cumplicidade existente entre José Ribeiro e Artur Queiroz que no seu ponto de vista “não estão juntos em prol de uma causa nacional, mas sim para defraudarem os cofres do Estado para proveito pessoal”.
O analista apela ao Presidente da República para que mande abrir um inquérito em torno desta negociata que se gastou 20 milhões de dólares para que haja responsabilidades judicias “se não se fizer isso, amanha nomearão um outro director do Jornal de Angola e a primeira coisa a fazer vai ser também querer comprar uma rotativa com preços sobrefaturados”
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