Ex-ministra Victória Conceição reage bem e pode deixar a UTI
Se a saúde da ex-ministra continuar a evoluir como até agora, na próxima semana deixará a os cuidados intensivos e passará para numa enfermaria. Até agora não há explicações sobre o que aconteceu na noite em que ficou ferida por bala de arma de fogo.
A ex-ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória da Conceição, reagiu bem a seis intervenções cirúrgicas a que foi submetida e ao tratamento nas UTI da clínica Girassol e pode considerar-se “tecnicamente fora de perigo, embora nestes casos o melhor seja aguardar, pode sempre surgir uma ou outra complicação, por isso há uma equipa muito qualificada a cuidar dela”, disse uma fonte da clínica Girassol nesta Terça-feira.
O PAÍS sabe que a ex-ministra ficou com uma colostomia, das costelas fracturadas e que lhe foi retirado o baço na primeira cirurgia, tal como este jornal avançou na sua edição de 4 de Janeiro. Victória da Conceição, segundo a nossa fonte, “já fala, mas está ainda em isolamento para não se cansar, por isso tem visitas muito limitadas”.
Vida normal sem o baço
Um médico-cirurgião ouvido por este jornal disse que se o tiro atingiu o baço de Victória da Conceição, este teria que ser retirado, mas a paciente poderá viver sem grandes complicações após estar recuperada da intervenção a que foi submetida. “Se foi atingida terá mesmo que se retirar, deve ficar sem o baço”, disse o médico, acrescentando, no entanto, que desta forma a pessoa fica vulnerável a contrair infecções. De acordo com o especialista, “a função principal deste órgão é a fabricação de hemácias e leucócitos (glóbulos vermelhos), tendo muita importância na fase de desenvolvimento de um indivíduo. É lá onde se produz o sangue, mas se retirar a pessoa pode viver com normalidade”, rematou.
Ainda o mistério da arma
A ex-ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória Francisco Correia da Conceição, poderá ter sido vítima de um disparo da armada do agente da Unidade de Protecção as Individualidades Protocolares (UPIP) que garantia a sua segurança, apurou O PAÍS de fonte segura, o que não esclarece, no entanto, as circunstâncias em que teria ocorrido o incidente. Victória da Conceição teria retirado a arma no porta-luvas da viatura protocolar que lhe havia sido atribuída, por inerência de funções, depois de o escolta a ter parqueado na sua residência, adiantou a fonte. Um oficial da UPIP explicou que os efectivos que prestam trabalho a entidades protocolares são instruídos a deixar as armas no posto (casernas das residências), após a jornada laboral, por orientação do Comando Geral da Polícia Nacional. Todavia, a fonte disse que a maioria das residências não tem casernas e, nestes casos, o “protector” deixa a arma dentro das viaturas e as chaves são entregues ao dirigente para que o seu colega a possa usar no dia seguinte.
“Segundo o que nos foi orientado, os agentes não podem andar com arma depois do horário de trabalho”, disse. Entretanto, o caso da ex-ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que supostamente tentou suicidar-se na noite de Quarta-feira, 4, continua a coberto de uma “nuvem cinzenta”, pois até ao momento do fecho da presente edição, cinco dias depois do sucedido, não existe qualquer comunicação oficial. Tanto o Executivo a que pertenceu até à data da ocorrência – uma vez que ainda não havia passado as pastas à sua sucessora a quem o Chefe de Estado ainda não havia conferido posse -, como os seus familiares e amigos remeteram-se a um silêncio quase que absoluto. O mesmo sucede com a OMA, braço feminino do MPLA, organização de que é uma das responsáveis. Na busca de um pronunciamento da Clínica Girassol, uma equipa deste jornal deslocou-se a esta unidade por diversas vezes, mas não obteve qualquer pronunciamento oficial do corpo médico que assiste Victória da Conceição.
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